Especialista alerta para cuidados na captação de água da chuva armazenada em cisternas
Com as chuvas registradas recentemente na Paraíba, os agricultores se preparam para armazenar água através de cisternas. Natural de São José do Sabugi, a 276 km de João Pessoa, o agricultor Iranildo Araújo possui duas cisternas na propriedade dele, sendo uma que capta água da chuva, que serve para consumo humano, e uma barragem subterrânea, para irrigar o plantio.
Iranildo possui uma família de cinco pessoas, que consomem a água armazenada em uma cisterna construída com areia e placas de cimento. Com profundidade de pouco mais de dois metros e capacidade para guardar até 16 mil litros de água, a cisterna pode aguentar até um ano sem reabastecimento.
“Eu tenho essa cisterna desde 2004 e nunca mais passei necessidade de água dentro da minha casa. A última chuva grande que ela recebeu foi em abril de 2014 e de lá para cá não choveu muito, mas mesmo assim ainda temos seis mil litros de água”, disse o agricultor.
De acordo com Iranildo, a cisterna de consumo humano e a barragem subterrânea foram construídas com recursos do programa ‘Um milhão de cisternas no Semiárido’, realizado pela Ação Social Diocesana de Patos e pelo governo federal.
Para o agricultor, o programa deixa como responsabilidade o pagamento do pedreiro, do ajudante e da obra de escavação do local. “Do meu bolso gastei R$ 150, já que também participei da construção como ajudante do pedreiro para economizar. Concluímos o trabalho em quatro ou cinco dias e a partir daí nunca mais precisei beber água de poço ou cacimba, que trazia doenças para mim e minha família”, afirmou.
Para a cisterna de consumo próprio, o sistema funciona através da captação de água da chuva por calhas colocadas no telhado. Para garantir que a água não esteja contaminada, a primeira chuva não é captada.
“Quando percebemos que vai chover retiramos a ligação entre a calha e a cisterna, para que a sujeira do telhado vá para o chão e não polua a água boa. Depois de um tempo, religamos a calha e a cisterna começa a armazenar”, disse Iranildo.
Já a barragem subterrânea foi construída em 2008. O processo envolve escavação do terreno, colocação de lonas e pedras para armazenar a água em um reservatório ‘invisível’. É com essa água que o agricultor irriga a plantação de feijão, jerimum, cheiro-verde, milho, acerola, goiaba, limão e outros produtos.
Especialista alerta
De acordo com Luiz Roberto Pladevall, especialista em Saneamento e Meio Ambiente, a tentativa de armazenar água é válida, já que a seca prolongada afeta a região, mas ele alertou sobre os devidos cuidados no processo de construção e armazenamento da água.
“O morador deve utilizar um dispositivo para proteger essa caixa e tirar os resíduos sólidos como folhas, galhos e areia. É importante manter o reservatório longe do alcance das crianças, tampá-lo para evitar a proliferação do mosquito da dengue e, caso for instalar numa laje, ter a certeza que o local tem estrutura para suportar a carga. Temos que lembrar também que essa água só deve ser utilizada para limpeza de pisos, nas descargas sanitárias ou para regar jardins e plantações, mas nunca deve ser destinada para consumo humano”, falou Luiz Roberto.
Erivaldoguedes.com com De olho no Cariri
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