Agricultores guardam água da chuva e tentam vencer os desafios da seca no cariri paraibano





Os agricultores que vivem no semiárido brasileiro procuram utilizar estratégias para minimizar os efeitos da estiagem prolongada e garantir o sustento da família, com a manutenção das economias. As formas de armazenamento de água da chuva para consumo e irrigação, por exemplo, são as mais comuns.


A análise parte de um projeto executado há dois anos pelo Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCTI), em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), que mapeia essas estratégias utilizadas pelos agricultores. No período de 11 a 13 de maio, pesquisadores do projeto se reuniram em Campina Grande (PB) para realizar a análise econômica e ecológica dos agroecossistemas estudados, com foco na conquista da estabilidade e da autonomia pelas famílias para conviver com os longos períodos de estiagem.


O trabalho constatou que as comunidades adquiriram capacidade de se recuperarem de eventos extremos, como é o caso das longas estiagens e escassez de recursos. Com o aumento e a estabilização dos níveis produtivos em anos normais de chuva, os agricultores apresentam maior capacidade de enfrentar os períodos prolongados de estiagem.

Segundo os resultados obtidos, a história da trajetória das famílias estudadas demonstra que o acesso a políticas públicas de terra e água, bem como a capacidade de se organizarem coletivamente para participação social, têm permitido a produção e apropriação das riquezas e propiciado maior autonomia e melhores condições para enfrentar os períodos mais críticos de escassez. 

Paulo Petersen, da AS-PTA, organização integrante da ASA, destaca que a estratégia fundamental para promover a convivência com o Semiárido é que a maior parte das riquezas produzidas no agroecossistema fique para a família, a fim de lhe propiciar maior independência em relação ao mercado externo. 

Armazenamento de água

A família de dona Josélia e seu Carlos Marcolino, da comunidade Furnas, município de Areial, a 115 km de João Pessoa, gere um agroecossistema de cerca de 8 hectares que tem como principal característica a diversidade produtiva e o permanente processo de inovação, a fim de se ajustar às mudanças nas condições internas e externas.

Para garantir a segurança hídrica e alimentar durante a seca, o casal possui na propriedade cinco tecnologias para armazenamento de água, que são: cisterna calçadão, de consumo, tanque de armazenamento de água, tanque de pedra e barreiro.

Segundo os pesquisadores, essas tecnologias sociais têm garantido uma infraestrutura hídrica para captar e armazenar água de chuva para consumo humano e para a produção de hortifrutigranjeiros (provenientes de hortas, pomares e granjas) e derivados da pecuária durante o período de escassez. Esses produtos tanto são utilizados para o auto-consumo, propiciando segurança alimentar para a família, como são canalizados para a venda. Devido aos baixos custos produtivos, a riqueza gerada favorece o crescimento econômico da família e do território. 

Consumo e negócios

Outras inovações também foram adaptadas ao agroecossistema familiar, como a silagem, a tecnologia de esterqueira para conservar e melhorar a fertilidade do solo e um fogão ecológico. Essas tecnologias têm contribuído para a autonomia e sustentabilidade da economia familiar, bem como para a manutenção do agroecossistema. Como resultado, a família depende da compra de poucos alimentos para consumo humano, como arroz, sal, temperos, macarrão; para consumo animal, adquirem somente o esterco, via Fundo Rotativo Solidário. É autônoma na produção do café, farinha, milho, silagem, macaxeira e feijão.

Mão-de-obra

Conforme analisa do Insa, a economia que organiza o trabalho na agricultura familiar é baseada em valores locais, comunitários, em práticas e conhecimentos tradicionais passados de geração em geração. Mas isso não significa que não sejam eficientes na produção de valores financeiros. 

Trabalhando em harmonia com os ciclos da natureza, produzem com baixos custos produtivos, gerando riquezas que alimentam o desenvolvimento local. Por essa razão, é fundamental que as políticas públicas considerem e fortaleçam as particularidades desse tipo de economia.
Acompanhamento
O projeto visa acompanhar 100 famílias que implementaram infraestruturas hídricas em suas propriedades a partir da execução dos projetos do Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC) e do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), pela ASA.  

Com Araruna 1

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