Novo rebaixamento do Botafogo para a Série B foi tragédia anunciada Leia mais: http://extra.globo.com/esporte/novo-rebaixamento-do-botafogo-para-serie-foi-tragedia-anunciada-14703633.html#ixzz3Kal3E6jM



A nova queda do Botafogo para a Série B do Campeonato Brasileiro, a segunda do clube no século XXI, - a primeira em 2002 - pode até ser considerada como uma tragédia anunciada em General Severiano. A péssima administração da cúpula comandada por Maurício Assumpção e o planejamento adotado para a atual temporada foram cruciais para o descenso da equipe. A aposta em um técnico sem experiência, problemas salarias, ameaças de greve, montagens e desmontagens do elenco foram algumas variáveis para acelerar o declínio do Alvinegro em 2014.
A conquista da vaga para a Taça Libertadores, em 2013, após 18 anos longe da competição sul-americana, trazia um prenúncio de que 2014 poderia ser ano de glória. Entretanto, ainda no ano passado, o clube traçou os planos para esta temporada baseado em conquistas audaciosas como chegar às fases finais da Copa do Brasil e da Libertadores.
Por reflexo dos problemas extracampo, o time teve a pior campanha da história no Estadual, eliminado precocemente. Além disso, o desempenho na Libertadores também foi o pior das quatro participações que o clube carioca esteve presente.
Campanha em 2014
Neste Campeonato Brasileiro, o Botafogo perdeu 22 jogos, com apenas nove vitórias e seis empates. Em 64 jogos disputados no ano, o Botafogo soma 35 derrotas, 12 empates, com apenas 17 vitórias conquistadas.
Salários atrasados
Durante toda a temporada, jogadores e funcionarios do clube conviveram com problemas de salários atrasados, agravando cada vez mais o trabalho interno e o rendimento em campo. Atualmente, alguns jogadores estão com dois vencimentos atrasados na carteira de trabalho (CLT), além de sete meses de direitos de imagem. O diretor-técnico Wilson Gottardo sempre tentava amenizar a situação com reuniões como grupo.
Reuniões com Gottardo foram frequentes no segundo semestre (Foto: Wagner Meier)
Saída do Ato Trabalhista
O Ato Trabalhista é um acordo feito entre um determinado clube e a Justiça do Trabalho. O acerto organizava a fila de credores do Botafogo, que pagava um determinado valor para repassar àqueles que tinham algo a receber do Alvinegro, evitando que o clube ficasse sujeito a penhoras.
Porém, o presidente Mauricio Assumpção não renovou o acordo para 2014, alegando que não era bom continuar nos termos em que estava assinado e tentava negociar um novo acordo, algo rejeitado pela Justiça.
Assim, o clube teve todas as receitas penhoradas e passou sufoco durante todo o ano, sem conseguir cumprir seus compromissos.
Crises internas
Sem dinheiro, os problemas internos começaram a se acumular. Um dos principais deles - e que azedou de vez a relação entre o presidente e os líderes do elenco - foi o cancelamento de um amistoso com o Botafogo-PB, um dia antes do programado. Em protesto pelos constantes atrasos, os jogadores resolveram não viajar.
Outro problema, em março, foi o protesto dos jogadores nos treinos, na semana da decisiva partida contra a Unión Española. Na ocasião, eles ficavam sentados nos gramados por aproximadamente dez minutos, antes de iniciarem os trabalhos.
Perda de jogadores importantes
Se 2013 já foi marcado pela perda de jogadores importantes durante a temporada como Vitinho, Fellype Gabriel e Andrezinho, 2014 seguiu o mesmo caminho. Seedorf, Rafael Marques, Hyuri e Elias saíram no início do ano acabando com a espinha dorsal do time que terminou o Brasileiro do ano passado em quarto lugar.
Durante a temporada, além dos demitidos, Dória foi negociado com o Olympique (FRA), Lodeiro foi para o Corinthians e Jorge Wagner retornou para o futebol japonês.
Política em ebulição
O ano é de eleição e, como acontece em qualquer clube, a política ferve internamente. Acuado, o presidente Mauricio Assumpção pouco se expôs no segundo semestre - tirando no episódio da dispensa de quatro jogadores - e não declarou apoio público a nenhum dos quatro candidatos à presidência. Até porque ninguém quer ter seu nome vinculado ao mandatário.
Uma 'comissão de crise' foi instalada no clube para analisar os problemas internos e ajudar o próximo presidente. Até mesmo um impeachment foi cogitado, mas a ideia não avançou pois o processo seria demorado, desgastante e desnecessário, já que o mandato de Mauricio está perto de acabar.
Presidente alvinegro pouco se expôs nos momentos de crise (Foto: Bruno de Lima)
Aposta em Eduardo Hungaro para a Libertadores
Devido ao alto salário, o Botafogo preferiu não renovar o contrato de Oswaldo de Oliveira para 2014. Desculpa incoerente, já que contratou diversos jogadores após a saída dele - alguns com vencimentos altos. E o pior, escolheu Eduardo Hungaro, ex-auxiliar de Oswaldo, para comandar o time na Copa Libertadores. Não deu certo. A inexperiência de Hungaro pesou, o time foi eliminado na fase de grupos e o então treinador voltou a trabalhar na comissão técnica.
Treinador foi opção após saída de Oswaldo de Oliveira (Foto: Paulo Sergio)
Contratações que não corresponderam
Não se pode negar que o Botafogo contratou muito nesta temporada. O grande problema é que quantidade não significa qualidade. Os laterais gêmeos Alex (lateral-direito) e Anderson (lateral-esquerdo) são um símbolo dessa política. Contratados para disputarem a vaga com Edilson, Lucas e Julio Cesar, eles não corresponderam e foram afastados antes do fim do primeiro semestre.
Além dos irmãos, o zagueiro Mario Risso, o volante Rodrigo Souto, os meias João Gabriel e Ronny e os atacantes Yuri Mamute e Ferreyra não deslancharam e pouco contribuíram com o Alvinegro.
Irmãos não conseguiram se firmar na equipe (Foto: Bruno de Lima)
Ameaça de greve do corpo médico
Com vencimentos atrasados, que chegaram a cinco meses, alguns membros de todo o departamento médico/físico, entre eles massagistas, fisioterapeutas, psicólogos, médicos, dentre outros, mostram insatisfação com as promessas da diretoria e até cogitaram fazer uma paralisação nos trabalhos no mês de agosto. O ápice do problema veio após a diretoria prometer quitar parte dos atrasados destes funcionários com a renda do clássico contra o Fluminense, em Brasília. A promessa, entretanto, não foi cumprida no prazo determinado.
Problemas nas categorias de base
Por conta dos grandes problemas financeiros vividos pelo clube, os atletas das categorias de base do futebol sentiram um grande reflexo no trabalho. Com o atraso no pagamento dos planos de saúde, desde o dia 25 de julho, os jovens estão sem o auxílio, que foi cancelado pela Golden Cross, administradora dos planos. Diante disso, alguns jogadores com lesões não tem como realizar os exames necessários. Apenas em alguns casos mais graves o clube arca com as despesas. Além disso, as obras em Marechal Hermes não saíram do papel.
Diretor-técnico conversou com elenco sub-20 (Foto: Divulgação/Botafogo)
Apostas em Jobson e Carlos Alberto
Sem verba para cumprir com as obrigações e sem condições de reforçar o elenco, o técnico Vagner Mancini teve de apostar no retorno de Jobson. O jogador, que foi o responsável pela permanência do time na Primeira Divisão, em 2009, foi visto como uma solução para tentar salvar novamente a equipe. Além do atacante, Carlos Alberto também foi uma das opções, já que o clube ainda tinha uma dívida com o jogador. O meia, porém, figurou mais vezes no departamento médico do que entrou em campo.
Jogadores foram apostas por falta de verba para reforçar o elenco (Foto: Bruno de Lima)
Afastamento de Bolívar, Julio César, Emerson e Edilson
No último treino antes do confronto com o Vitória, em Salvador, o presidente Mauricio Assumpção anunciou a rescisão contratual com o zagueiro Bolívar, o lateral-esquerdo Julio César, o atacante Emerson e o lateral-direito Edilson, aumentando ainda mais a crise no clube. Na ocasião, o técnico Vagner Mancini até colocou o cargo à disposição.
Rescisão de Lucas
No fim de agosto, o lateral-direito Lucas entrou na Justiça para pedir a rescisão de seu contrato com o clube, protegido pelos três meses de salário e depósitos de FGTS atrasados. Teve o pedido atendido e conseguiu o desligamento do Alvinegro. Além de brigar por R$ 20 milhões - o valor da multa rescisória prevista em contrato -, os três meses de salários atrasados, seis meses de direitos de imagem, o depósito do FGTS (que não é recolhido desde 2011), direitos de arena e outros valores.
Jogador pediu a liberação do clube por falta de pagamento (Foto: Bruno de Lima)
Fechamento do Engenhão
Com problemas estruturais, o fechamento do Engenhão, em março de 2013, foi um dos fatores da grave crise financeira que o clube se encontra. De acordo com o presidente Mauricio Assumpção, o Alvinegro estima um prejuízo de cerca de R$ 45 milhões por causa do fechamento do estádio.


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